Aplicações nos casos de morte violenta
Conhecimentos entomológicos podem ser utilizados para revelar o modo e a localização da morte do indivíduo, bem como mais frequentemente, estimar o tempo de morte (intervalo post mortem - IPM).
1. Local da morte
Baseado na distribuição geográfica, habitat natural e biologia das espécies colectadas na cena da morte, é possível verificar o local onde a morte ocorreu. Por exemplo, certas espécies de dípteros da família Calliphoridae são encontradas em centros urbanos. E, em vista disso, a associação dessas espécies a corpos encontrados em meio rural sugere que a vítima tenha sido morta no centro e levada para o ponto onde foi encontrada. Da mesma forma que, algumas moscas apresentam habitat específico, além de distinta preferência em realizar postura em ambientes internos ou externos, e até mesmo, em diferentes condições de sombra e luz.
2. Modo da morte
Drogas e tóxicos presentes nos corpos afectam a velocidade do desenvolvimento de insectos necrófagos. Cocaína, heroína, "methamphetamina", "amitriptylina" e outros metabólitos têm mostrado efeitos no desenvolvimento das larvas e da decomposição, podendo indicar um caso de morte por ingestão de dose letal dessas substâncias ("over dose") .Pela voracidade das larvas, os fluidos do corpo e partes macias necessárias para as análises toxicológicas desaparecem, sendo então, necessário identificar esses medicamentos e substâncias tóxicas no corpo de larvas de insectos necrófagos que se alimentaram desses cadáveres contaminados. Podendo, também, a presença de certas substâncias, como o arseniato de chumbo e o carbanato, impedir a colonização do cadáver por certos insectos necrófagos.
3. Intervalo post mortem (IPM)
Na medicina legal uma das questões mais críticas reside em "Quando a morte se deu?" A determinação do intervalo post mortem é, frequentemente dada por patologistas e antropólogos forenses e, raramente um entomólogo é consultado. Circunstâncias intrínsecas e extrínsecas fazem variar a marcha e a fisionomia particular dos fenômenos putrefativos. Desta forma, não se pode imaginar problema de mais difícil solução e que exija maior reserva dos peritos do que a cronologia da morte. Para responder a esse quesito, os Peritos podem se valer da evolução da rigidez cadavérica, resfriamento do corpo, livores cadavéricos, evolução das fases de decomposição e, mais recentemente, da fauna cadavérica. Normalmente, nos métodos tradicionais, o IPM e a sua estimativa são inversamente proporcionais, isto é, quanto maior for o IPM, menor é a possibilidade de acurada determinação. Porém, com auxílio de conhecimentos entomológicos, quanto maior o intervalo mais segura é a estimativa. O método entomológico pode ser muito útil, sobretudo, com um tempo de morte superior a 3 dias. Das técnicas de cronotanatognose como relatório policial, necropsia, e entomológica, estatisticamente, a entomológica é a mais eficiente.
Outras aplicações
1. Entorpecentes
Identificar a origem da Cannabis sativa, com base na identificação dos insectos acompanhantes da droga que, no momento da prensagem do vegetal, ficaram ali retidos, traçando a rota do tráfico através da distribuição geográfica dos mesmos
2. Maus tratos
A ciência pode, ainda, ser utilizada em casos de maus tratos a crianças. É possível precisar o número de dias, durante os quais, o bebé foi privado de cuidados de higiene baseando-se na determinação da idade das larvas de moscas encontradas nas fraldas e nas camas.